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domingo, 26 de outubro de 2008

ORIENTAÇÕES

Embora não haja uma fórmula definitiva para sair do curso de Jornalismo com um emprego garantido, há inúmeras listas e sugestões do que fazer para quem, como eu, ainda é estudante e quer aproveitar ao máximo o tempo de graduação para facilitar depois o ingresso no mercado de trabalho. Abaixo, segue a lista elaborada por Greg Linch, estudante de Jornalismo da Universidade de Miami, que, em seu terceiro ano de universidade, já traz na bagagem um currículo bastante vasto e invejável - mais ou menos na linha do que representa o Dave Lee para o Reino Unido. A lista é na verdade uma compilação de sugestões e recomendações disponíveis sobre o assunto web afora (meus comentários estão entre parênteses):
1. Use bastante a Internet (algo como: existe vida além do Orkut).
2. Leia blogs sobre jornalismo online
3. Comece um blog
4. Aprenda a contar histórias de mais de uma forma
5. Sites importantes: entre para o Linkedin e adicione o Poynter aos seus favoritos (substituto brasileiro: Observatório da imprensa ? Jornalista da web ? Comunique-se?)
6. Você tem experiência? Trabalhe nos veículos de sua universidade, e procure por experiências fora da faculdade (também conhecido como: estágio).
7. Utilize os recursos da universidade: converse com alunos mais antigos, e conheça seus professores (e também cabe a ressalva de que se deve procurar fazer isso ainda antes de entrar para o curso).
8. Networking: faça contatos.
9. Conheça o mercado. Leia sobre ele
10. Esteja aberto a mudanças (o que permite retornar a um dos pontos iniciais deste post: nem todo jornaslista precisa necessariamente trablaahr como repórter ).

As dicas não garantem um emprego. Mas certamente ajudam a deixar o estudante de Jornalismo um pouco mais preparado para, ao término da faculdade, tentar o ingresso no assustador mundo do mercado de trabalho. Ou, pelo menos, nos ajuda a ter uma visão do mercado um tanto mais realista.

Mercado de trabalho para jornalistas

Versão pessimista: A concorrência no mercado de Jornalismo no Brasil é grande. A cada ano, milhares de novos jornalistas saem da faculdade e tentam ingressar no mercado de trabalho. O ingresso no curso de Jornalismo se torna a cada ano mais concorrido. Mas o número de vagas nas grandes empresas jornalísticas do país não cresce na mesma proporção. O resultado é muita gente desempregada, ou tendo que ir trabalhar em outras áreas. E esse cenário assusta.

Versão otimista: O mercado de trabalho para o jornalista é bastante concorrido. Mas basta ser um profissional versátil, que sempre haverá uma vaga para quem realmente se esforça e procura. Além do mais, hoje em dia, com um pouquinho de espírito empreendedor e uma boa visão de mercado, é possível começar o próprio negócio. Nunca se teve tantas possibilidades, e muitas delas surgiram em decorrência do avanço da web. Existe vida além do jornalismo tradicional, fora das redações. E o primeiro passo é reconhecer isso.

Em qual desses cenários é mais fácil acreditar?

O Colegio de Periodistas de Chile iniciou, no final de 2007, uma campanha no mínimo curiosa. Intitulada "Não seja um jornalista frustrado", a ação objetiva buscar esforços para esclarecer aos ingressantes nos cursos universitários de Jornalismo no país a necessidade de se observar a qualidade dos cursos e o campo de atuação do jornalista. O motivo? Um estudo realizado pela Universidade Adolfo Ibañez indicou que, após dois anos de formado, um em cada cinco jornalistas do Chile estava desempregado. Dentre os 80% que conseguiam emprego, 44% não trabalhavam como jornalistas. (Não sei como andam as porcentagens aqui pelo Brasil. Mas ver os colegas se formar e não conseguir emprego assusta mais do que um punhado aleatório de estatísticas.)

É comum atribuir o problema da falta de emprego à má qualidade dos cursos. Mas será que o problema está apenas na formação? Será que em parte também o problema pode ser culpa do aluno? Fazer um curso universitário não é uma garantia de que se adquirirá conhecimento, de que se estará preparado para o mercado. A única obrigação da universidade é fornecer os subsídios e as ferramentas (livros, aulas, atividades extra-classe) para que o aluno construa o conhecimento. Mas fazer um curso não garante que se esteja preparado para a profissão. E muito menos estar formado garante o ingresso no mercado de trabalho.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Les Squames - cia francesa Kumulus .


Estranhos seres humanos dentro de uma jaula. As criaturas, uma estranha mistura de homem e animal ficam por mais de três horas enjauladas, tempo em que o público pode conferir o desenrolar da vida desses indivíduos, observar seus ritos, hierarquias e emoções, como se estivessem em um zoológico.
O grupo fundado em 1986 por Barthélémy Bompard cria performances nos espaços ao ar livre sobre temas urbanos e sóciopolíticos. Os projetos da companhia refletem sobre o homem em seu meio ambiente. Les Squames foi criado há 20 anos e faz uma crítica aos africanos presos em gaiolas e expostos como animais pelos povos colonizadores. Por se tratar de uma peça de difícil aceitação, o espetáculo voltou a ser encenada há quatro anos. Esteve no Brasil pela primeira vez em 2007, como atração do Festival Internacional de Rio Preto.
Criação e direção: Barthélémy Bompard.Elenco: Armelle Bérengier, Dominique Bettenfeld, Eric Blouet, Barthélémy Bompard, Jean-Pierre Charron, Stéphane Civet, Céline Damiron, Marie-Pascale Grenier, Dominique Moysan, Nicolas Quilliard, Judith Thiébaut e Amy Wood.


Performace do teatro.

Humanóides de uma tribo perdida da Europa Central estão enjaulados na cidade de São Paulo para observação das pessoas. Assim é Les Squames, do grupo francês Kumulus. Um espetáculo cuja dramaturgia vem dos comentários da platéia, muitas vezes passantes desavisados, que opinam sobre o espetáculo definindo se aqueles seres são humanos ou animais selvagens.
Ouvindo os comentários dos que passam diante da jaula, em que os humanóides, remanescentes de uma tribo perdida da Europa Central estão metidos, há muitos que perguntam entre si: “Mas são macacos de verdade?”.
Questionando os atores vestidos de guardas que cuidam da jaula, o público é informado sobre os hábitos e características desta que seria uma espécie rara e estaria circulando pelo mundo para sensibilizar os povos sobre sua “quase extinção”.
Com um trabalho de corpo e grunhidos dentro da jaula para lá de convincentes, há perguntas, por meio da tradutora que acompanha os “guardas”, até sobre o modo como “aqueles” animais nascem, se “em ovos?”. Com um discurso à altura, a resposta é: “Não, não. São mamíferos e tem uma gestação que dura quatro meses e meio”.
Entre olhares curiosos, incrédulos, é comum se ouvir frases como: “Mas não são atores?”, incerteza que vai pouco a pouco espalhando-se ao redor da jaula.


terça-feira, 14 de outubro de 2008

Ortografia


A grafia correta, ao contrário da semântica e da sintaxe, pode ser regulada por lei. Mas deveria?
Um dos argumentos anti-reforma, o de que ela não ataca diferenças de semântica e sintaxe, lembra o do capitão que negligencia a manutenção do navio por não poder controlar o oceano
A palavra ortografia vem do grego orthós + grápho, isto é, o modo correto de escrever. Quem determina que modo é esse sempre foi uma questão polêmica. Na tradição luso-brasileira o papel tem sido desempenhado por legisladores, respaldados por comissões de sábios. É o que ocorre mais uma vez na atual reforma ortográfica.
Um dos argumentos mais correntes contra o acordo – o de que ele é condenável por mexer apenas no modo de escrever as palavras, deixando de lado as divergências sintáticas e semânticas entre Brasil e Portugal – lembra a desculpa do capitão que negligencia a manutenção de seu navio porque não pode controlar o oceano. A não ser nos delírios de ditadores caricatos, o poder dos governantes sobre sintaxe e semântica é zero. Não há o que eles possam fazer. Sobre a ortografia, verniz da língua, há.
Se deveriam se meter nessa seara é outro debate. Na definição da ortografia, o poeta português Fernando Pessoa preferia o método da lenta decantação cultural ao das canetadas legislativas, o que o levou a se insurgir contra uma das reformas de espírito "simplificador" pelas quais o português passou. Em suas palavras, "um acto que, à parte ser desnecessário, ou, pelo menos, não urgente, foi abrir uma cisão cultural entre nós e o Brasil".
É justamente essa cisão, que resistiu a outros decretos ortográficos desde Pessoa, que o acordo – decepcionante sob certos aspectos, como costuma ocorrer com o fruto do trabalho de comissões – procura combater. O abismo cultural não sumirá por milagre, mas a parte dele que corresponde ao modo de grafar vocábulos ficará reduzida a alguns casos de dupla grafia – nada muito diferente do que ocorre no inglês. Os portugueses aboliram o trema em 1946. Nós o aboliremos agora. É pouco, mas é um sinal de aproximação onde vinha prevalecendo o distanciamento.



Sérgio Rodrigues, escritor e jornalista.
Fonte : Revista Carta Capital.